O Gato recorda a reportagem do DN, do dia 09/06/2007:
"Em laboratórios de todo o mundo, o estudo do cérebro entrou numa fase detalhada, que permite até chegar a conclusões sobre o grau de felicidade das pessoas. E estes esforços levaram os investigadores a surpreendentes análises comparativas. A mais preciosa cobaia destes estudos (...) é um monge budista de origem francesa, Matthieu Ricard, filho de um famoso filósofo e autor francês, recentemente falecido, Jean-François Revel. (...) Os cientistas nunca encontraram ninguém tão "feliz" e afirmam, em medições quantificáveis, que Ricard é mesmo o homem "mais feliz na Terra". Esta conclusão tem a ver com a medição de certas ondas cerebrais e a actividade no córtex pré-frontal esquerdo, que está associada a pensamentos positivos. Estudos científicos americanos mostram que estão particularmente desenvolvidas estas características cerebrais em monges budistas que praticam um determinado tipo de meditação durante a qual tentam pensar em todos os seres vivos com especial compaixão. (...)
A história da vertente de investigação que levou as neurociências ao budismo começou há uma década, quando Dalai Lama, durante uma visita a uma escola médica americana, fez uma pergunta: pode a mente moldar a matéria? O problema levantado com esta questão aparentemente de resposta negativa partia do pressuposto de que a ciência tinha provado existirem alterações químicas no cérebro e impulsos eléctricos associados a pensamentos ou a emoções. Mas seria possível conceber o inverso, ou seja, os pensamentos produzirem alterações químicas e produzir impulsos eléctricos? Ao longo da última década, os cientistas têm estudado as alterações do estado mental de monges budistas. A equipa de Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, fez medições precisas de voluntários com mais de dez mil horas de meditação, sobretudo de Ricard, e percebeu que este estado contemplativo estimulava zonas do cérebro associadas às emoções, nomeadamente às positivas, como aquelas que nos habituámos a ligar a estados de felicidade. Igualmente importante era o facto de, entre estados de meditação, as ondas cerebrais permanecerem intensas, sugerindo que era possível treinar o cérebro e controlar as emoções, mudando a estrutura da própria mente. Segundo Davidson, "os resultados mostram que a meditação pode mudar as funções cerebrais de forma durável". (...)
São enormes as implicações destes estudos. (...) Tudo indica que o cérebro pode ser treinado na idade adulta e até mudar a sua organização interna, algo que experiências com músicos também tinham demonstrado. A linha de investigação sugerida pelas experiências com o homem mais feliz do mundo não tem implicações apenas para a questão da felicidade e para a melhoria de vida de cada indivíduo, mas para coisas mais prosaicas, como o controlo do stress, a melhoria da atenção.
A história mostra ainda que a contemplação vale todos os bens materiais e que as contas bancárias não dão felicidade. O homem mais feliz do mundo não tem riqueza pessoal e vive num mosteiro nos Himalaias. A compaixão, o amor, o deslumbramento, a piedade, a clemência, a devoção, (...) resultam, afinal, de uma capacidade interior que podemos controlar.
"Tão enlevado sinto o pensamento que me faz ver na Terra o Paraíso" (Camões). O monge não diria de outra maneira."
2 comentários:
:) Fantastico! Acho que vou começar a meditar mais vezes. Uma injecção de felicidade de vez em quando não era nada mau!!
beijos
Sim... Na nossa felicidade somos nós os grandes respnsáveis! Haja mais disciplina e entrega, a nós próprios, para podermos irradiar de forma profunda, para tudo e todos que nos envolvem :-)
Enviar um comentário