domingo, setembro 02, 2007

o sexagésimo segundo miado

Várias provas visuais do envolvimento contemplativo que este Gato teve em vários espectáculos de um festival pirotécnico meridional... Ficou a memória da dança acústica dos sonoros fogos no anfiteatro natural da Praia do Carvoeiro, misturada com uma luminosidade fantástica que o mar ganhava em momentos efeméros... Ficou também a memória visual de um espectáculo arrebatador em Lagos, dada a originalidade dos fogos e da sua forma, muito menos conservadores que os outros espectáculos...
Ao mesmo tempo, outras sensações: multidões de pessoas em férias, de telemóvel e máquinas em punho, gritos de espanto e prazer do susto, e palmas no fim, perante uma iniciativa da marca de promoção turística do Algarve (cujo nome este Gato não escreve aqui, de tão mau gosto que se reveste, no nome e na concepção...) Enfim, rios de dinheiro, em fogo que arde maravilhosamente e de facto arrebatador. Ficamos todos contentes, mas acabado, já está, vamos embora, vamos à nossa vida... Finda o Verão daqui a pouco. Os grandes eventos que dão a projecção a esta bela região, e notoriamente a uma cidade em particular, Portimão, ficam por isso mesmo: grandes eventos, grandes orçamentos, poucos beneficiados, e claro, provavelmente sempre os mesmos, cada vez mais detentores de um tipo de riqueza e de poder egoísta, o povo a adorar, e a esquecer no momento seguinte, os naturais a contentarem-se com o dinheiro de mais umas cervejas que os turistas compram. O que é essencial, a melhoria da qualidade de vida das pessoas e da região, de uma forma sustentada, vai para segundo ou terceiro ou quarto plano, ou etc, porque não é bonito, não tem projecção, não tem imagem... Andamos todos ofuscados com brilho dos fogos de artifício, pois é, é mesmo isso, artifícios para continuarmos todos a viver numa vida de ilusão... Que hajam grandes eventos, fogos de artifício, mas que sejam celebrações do melhor que a Vida tem - a concretização do melhor que os seres humanos têm.





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