sábado, outubro 27, 2007

o septuagésimo quarto miado

O Gato foi à ópera, na sua cidade... Depois da La Traviata, assistiu a uma das representações da Tosca. Não vestiu o seu fato de gala, mas foi um pouco mais arranjado. Da primeira vez, a tal em que não ia com tais superiores cuidados, admirou-se com o modo como os demais colegas de público estavam vestidos. Com efeito, parecia que a cidade estava à espera de uma ocasião destas para se mostrar enquanto vero público de ópera...
Aparte esta consideração, claro, foi bom constatar a popularidade da ópera, enquanto fenómeno social, repetindo-se a qualquer escala, local ou global. Todavia, há algo menos positivo e que tem a ver com o "teatro de ópera" (com muitas aspas!), ou melhor, o auditório municipal, que depois de mais uma série de obras (que nunca corrigirão os defeitos originais, é senso comum), continua a não servir para este espectáculo e para outros do mesmo género, dado os problemas acústicos e de aquecimento persistirem. Claro que tal impede o melhor desfrutar artístico e também a própria convivência social (de modo mais ou menos variável, as conversas são sobre o frio que cada um sente...). Para quando finalmente se coloca uma direcção na finalização do novo Fórum Cultural, parado há dois anos? Porque é que o cidadão não tem a informação do decorrer das obras e da sua justificação? Como é que pagamos bilhete para um espectáculo cujos organizadores e promotores é a própria Autarquia e depois ficamos a tiritar de frio?... Bom, já imagino um libreto de ópera (absurda) só a partir destas questões. E o público, eu e nós, também entraremos, pois então, como parte do mesmo absurdo que é o de criticarmos e não percebermos que podemos dar um passo em frente ao concretizar de forma construtiva as nossas críticas, para bem comum...
Finalmente, o Gato não poderia deixar de sublinhar o principal, e aquilo que sobressai agora do próprio momento em que escreve e que quer ficar a perdurar na sua memória: o contentamento por ter assistido a uma grande obra de arte, nomeadamente a Tosca, uma obra dramática no seu melhor, com uma história com um ritmo fluente, fugindo às expectativas; uma música perfeita para todos os momentos, numa linguagem e estilo maduro num contexto temporal de passagem do século XIX para o XX.
Como é bom desfrutar de uma das maravilhas do ser humano, a Criação, a Arte, e esta em especial. Bravissimo, Puccini! Grazie, em todas as línguas!

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